CHARCO
fórum emancipação e igualdade
Buenos Aires abrigou na segunda semana do mês de março o Fórum Emancipação e Igualdade. Grandes referências do mundo das ideias e representantes de forças políticas da América Latina e Europa, como Emir Sader, Noam Chomsky, Álvaro García Linera, Camila Vallejo, Ignacio Ramonet e Leonardo Boff estiveram juntos por 3 dias discutindo os desafios para a liberação dos nossos povos. Não passou na Globo, né? O Clarín não mostrou? Charco legendou algumas dessas conferências e te disponibiliza aqui.
12 de março de 2015
Día 1
Mesa 2: América Latina e Europa no espelho
Palestrante: Ignacio Ramonet (Espanha)
Doutor em Semiologia e História da Cultura. Especialista em geopolítica e estratégia internacional e consultor da ONU. Atualmente é diretor do Le Monde Diplomatique em espanhol.
Disse:
"(...) em nenhum país onde foi eleito um programa de transformação social radical, um programa neoprogressista de inclusão social, de crítica das políticas neoliberais, em nenhum país essas políticas foram derrotadas eleitoralmente".
"(...) também estamos vendo outro tipo de agressão em torno, em particular, à utilização midiática da questão do caso de corrupção no caso Petrobrás para tratar de colocar de joelhos o governo de Dilma Rousseff no Brasil"
"(..) agora há como... um fantasma que percorre o mundo que é o fantasma do progressismo latino-americano. Por isso vemos como sobe a febre em algumas capitais internacionais".
"Os meios de comunicação dominantes não são mais que a ferramenta, o instrumento do poder financeiro"
12 de março de 2015
Día 1
Mesa 2: América Latina e Europa no espelho
Palestrante: Álvaro García Linera (Bolívia)
Graduado em Matemáticas, autodidata em Ciências Sociais e Ciências Políticas. Atual vice-presidente do Estado Plurinacional da Bolívia.
Disse:
"A única maneira em que a democracia no mundo pode rejuvenescer, revitalizar-se, abandonar seu estado de instituição fóssil, repetitiva, tediosa e monopolizada por elites ou por castas é a vigência, o vigor e o complemento da democracia das ruas, da democracia das organizações, da força dos movimentos sociais".
"As esquerdas devem pensar o tema do Estado? Um velho debate: tem que tomar o Estado? Não se corre o risco de que o Estado nos tome e de revolucionários nos convertamos em conservadores?"
"A gente não luta somente porque é pobre. A gente luta porque é pobre e porque acha que lutando pode deixar de ser pobre, isto é, a esperança. ".
"Temos que ter a capacidade de demonstrar que os regimes progressista e revolucionários não somos somente mais democráticos, senão também economicamente mais criativos e mais igualitários e mais redistributivos da riqueza"
"Todas as políticas de austeridade conduzem à perda de direitos, à perda de soberania, à perda de sindicalização, ao retrocesso econômico, à subordinação política, à subordinação econômica".
12 de março de 2015
DIa 1
Mesa 1: DESAFIOS E ENCRUZILHADAS NA AMÉRICA LATINA
PALESTRANTE: CONSTANZA MOREIRA (URUGUAI)
Graduada em Filosofia, Doutora em Ciências Políticas. Atual Senadora pelo Frente Amplio.
Disse:
"Quando Lula assumiu pela primeira vez em 2002 foi um escândalo, e então a Rede Globo lhe disse: “Me diz, como acha que os mercados vão reagir ao seu triunfo? (...) “e bom”, lhe disse Lula, “os mercados vão ter que entender que cada brasileiro tem direito a comer três vezes por dia.” E ali começou a grande era da esquerda brasileira".
"Há que evitar a burocratização dos nossos partidos políticos, evitar transformar-nos numa classe política, seguir no diálogo complexo e contraditório com os movimentos sociais, com as organizações populares, evitar a tentação de nós sermos uma classe política".
"o que aconteceu com a reforma agrária? (...) A concentração do ativo terra. Seguem existindo terratenentes, verdade? Já não os chamamos mais de terratenentes. A concentração do ativo terra é imensa na América Latina".
"Temos o tema da segurança recortando liberdades todos os dias (...) estão armando nossas polícias e nossos exércitos até os dentes (...) acho sim que devemos uma reflexão pela esquerda do tema da segurança, do plano de combate às drogas (...) que não esteja baseada na política norte-americana de cuidado do seu mercado".
12 de março de 2015
DIa 1
Mesa 1: DESAFIOS E ENCRUZILHADAS NA AMÉRICA LATINA
PALESTRANTE: PIEDAD CÓRDOBA (COLÔMBIA)
Advogada. Senadora de 1994 a 2010. Líder do movimento de afrodescendentes Corporación Poder Ciudadano e porta-voz da Marcha Patriótica.
Disse:
"(...) todos esses coveiros da época passada, do século passado, que ademais fomentaram com muito entusiasmo a possibilidade de que a política desaparecesse, hoje não reconheceriam a região. Uma região onde a gente tem que dizer, como dizia Gramsci, “o velho não termina de morrer e o novo não termina de nascer”".
"Nós pertencemos e fazemos parte de um processo revolucionário, bolivariano, transformador, humanista na região, e isso não nos impede reconhecer que na Colômbia se instalou uma base para desestabilizar e ajudar a desestabilizar a região. Da mão do narcotráfico que diria que é a multinacional do capitalismo, (...) narcotráfico ademais que forneceu as armas do paramilitarismo. Paramilitarismo irmão do narcotráfico que ademais açoitou na Colômbia a possibilidade das reformas (...)".
"A paz na Colômbia é a paz da região. Colômbia neste momento tem ainda oito bases militares, e na região há 76 bases militares.".
"Não é, não é Venezuela, não é que Nicolás Maduro não seja inteligente, não é que tenha uma linguagem procaz, como querem dizer alguns, não é que Venezuela esteja sob regência dos militares, não é isso. É que o imperialismo vem com toda a força, e por isso tem cambaleando a possibilidade de que Dilma Rousseff possa ser derrotada através de uma terceira eleição. Já se acabaram as eleições no Brasil, ela ganhou as eleições, e [eles] têm que respeitar o resultado eleitoral de uma democracia, gostem ou não gostem. ".